Após oscilar muito ao longo do dia, o dólar fechou em alta de 0,89%, comprado a R$ 2,384 e vendido a R$ 2,387, completando a segunda valorização consecutiva. O aumento da aversão ao risco, após o escândalo financeiro envolvendo o ex-presidente da bolsa eletrônica Nasdaq, Bernard Madoff – que gerou bilhões de perdas a diversos bancos e investidores – foi o que impulsionou o dólar frente às moedas emergentes e derrubou os principais índices acionários.
Segundo Silvio Campos Neto, economista do Banco Schahin, os impactos da crise financeira mundial continuam preocupando os investidores, o que os mantêm avessos ao risco. No dia, o resultado disso foi a corrida para os títulos considerados mais seguros – os treasuries, papéis do Tesouro norte-americano – e os desmontes das operações de carry-trade, em que investidores tomam emprestado a juros baratos no Japão e investem em países emergentes, onde os juros são altos.
Mas apesar de subir frente às moedas emergentes, o dólar se desvalorizou perante o euro e a libra esterlina, em meio à expectativa de juros menores nos Estados Unidos. Hoje, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) conclui sua reunião de dois dias que pode resultar em juros bem próximo de zero. As apostas são de que a taxa será cortada em 0,50 ponto percentual, para 0,50% ao ano. \”O mercado passou o dia especulando sobre a possível decisão e botou boa parte das fichas em uma decisão mais agressiva do Fed\”, destacou Campos Neto.
A gastança do governo norte-americano para amenizar os efeitos da crise, as incertezas com o futuro das montadoras e os últimos indicadores apontando que realmente os EUA encontram-se em recessão, potencializaram a sensação negativa. A produção industrial recuou 0,6% em novembro ante alta de 1,3% (dado já revisado) registrada no mês anterior. Já a utilização da capacidade instalada atingiu 75,4% em novembro, resultado 5,5% menor que o apresentado no mesmo período do ano anterior (75,7%).
Apesar do cenário que inspira cuidados, números da balança comercial mostraram que continuam ingressando dólares no Brasil, fruto das exportações do País. Na segunda semana de dezembro, o saldo ficou positivo em US$ 947 milhões, resultado de US$ 3,576 bilhões em exportações e US$ 2,629 bilhões em importações.