Empenhada em manter cimentada a coalizão com o PMDB, a presidente Dilma
Rousseff desempenhou na quinta-feira, 15, o papel de mestre de
cerimônias do Fórum Nacional da sigla, para minimizar o impacto da
segunda demissão de um ministro da legenda envolvido em escândalos no
intervalo de um mês.
Um dia depois de demitir o deputado Pedro Novais (PMDB-MA) do
Ministério do Turismo, Dilma distribuiu elogios à legenda. “O PMDB é o
parceiro fundamental no meu governo”, disse a presidente, depois de
chegar ao Centro de Convenções Ulysses Guimarães ao lado do
vice-presidente Michel Temer e ser aplaudida pela plateia.
“Agradeço a ação firme do PMDB, por meio do apoio que as suas
bancadas na Câmara e no Senado prestam ao meu governo, bancadas sempre
presentes e leais, quando estão em jogo interesses do País e as demandas
do povo brasileiro”, disse Dilma, após exaltar a “eficiência e
lealdade” de Temer e falar do relacionamento “estreito e efetivo” que
mantém com ele.
Até o final da manhã, a ida de Dilma ao encontro do PMDB não estava
confirmada. Mas, para amenizar os problemas que vem enfrentando com o
partido, a presidente foi aconselhada a não faltar ao evento,
principalmente depois da demissão de Novais, quase um mês depois da
saída de Wagner Rossi da Agricultura, também atingido por denúncias de
corrupção.
Equívocos. Em seu discurso de cerca de meia hora, a
presidente Dilma cometeu pelo menos dois equívocos. O primeiro, ao dizer
que o Brasil estava dando sequência à transformação iniciada pela
aliança com o partido iniciada em 2003. O PMDB só ingressou formalmente
na aliança com o PT no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva. No primeiro mandato, apenas alguns dissidentes do PMDB eram
aliados do petista.
“É hora de fazer cada vez mais. Por isso conto com os senhores, na
maior tradição do PMDB”, emendou Dilma. Na plateia, bastante paparicado,
estava o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que emplacou o
substituto de Novais.
O segundo engano foi quando a presidente Dilma destacou que
democracia e justiça social são vínculos indissolúveis, lembrando
palavras de Ulysses Guimarães. “O Estado de direito não pode conviver
com o Estado de miséria”, ressaltou. A presidente, no entanto, errou ao
citar o slogan do seu governo, quando falava sobre o combate à
desigualdade. “Acredito no lema do meu governo: país rico é país sem
miséria”. O slogan oficial é “País rico é país sem pobreza”.