O chanceler palestino, Riad Malki, vai se reunir com seus colegas da Índia, Brasíl e África do Sul, esta semana, para discutir o processo de paz no Oriente Médio.
São Paulo – O Ministro dos Assuntos Estrangeiros da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Riad Malki, terá esta semana, em Brasília, uma reunião com os chanceleres do IBAS, grupo que reúne Índia, Brasil e África do Sul, para tratar do processo de paz no Oriente Médio.
“Tem a ver com o interesse deles (palestinos) de que o IBAS tenha uma participação maior, que o IBAS se pronuncie mais [sobre o tema]”, disse o subsecretário-geral Político II do Itamaraty, Roberto Jaguaribe, em entrevista coletiva na semana passada.
Esta semana o Brasil será palco de uma série de encontros internacionais que vão culminar na quarta cúpula do IBAS e na segunda cúpula dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China). Vão estar em Brasília os presidentes da China, Hu Jintao, Rússia, Dmitri Medvedev, e África do Sul, Jacob Zuma, e o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh.
De acordo com Jaguaribe, o encontro da ANP com o IBAS vai ocorrer a pedido do próprio Malki, “que entende que o IBAS pode ter um papel importante nesse processo [de paz]”. Em sua avaliação, isso demonstra uma percepção internacional do sucesso do grupo na seara política e diplomática. “[O IBAS] é um grupo reconhecido pela imparcialidade e posições equilibradas, que podem favorecer o entendimento”, declarou o diplomata.Alexandre Rocha/ANBA
Reunião ocorre a pedido do próprio ministro Malki
Ele acrescentou que há, entre palestinos e israelenses, um sentimento de frustração com a “incapacidade de se chegar a um resultado efetivo” após décadas de conflito. Nesse sentido, Jaguaribe repetiu o que foi dito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em março, durante sua última viagem ao Oriente Médio, que incluiu Israel, Cisjordânia e Jordânia.
Em primeiro lugar, ele afirmou que o conflito transcende o aspecto regional, pois afeta o mundo todo de diferentes maneiras; depois que a Organização das Nações Unidas (ONU) deveria exercer o papel de principal mediadora; e, por fim, que “visões diferentes” deveriam ser levadas à discussão com vistas a facilitar o entendimento.
O governo brasileiro vem defendendo a inclusão de novos interlocutores no processo, hoje nas mãos do chamado “Quarteto”, composto pela ONU, Estados Unidos, Rússia e União Européia. Jaguaribe destacou que a atuação de outros países já fez as negociações avançarem no passado, como foi o caso da Noruega, que patrocinou os Acordos de Oslo, em 1993, firmados pelo então premiê israelense Yitzhak Rabin e o líder palestino Yasser Arafat, ambos já mortos.
“[A participação de novos interlocutores] pode contribuir para facilitar o processo”, destacou o embaixador, acrescentando que novos atores podem trazer novas idéias e “arejar” as negociações.
No ano passado, o Fundo IBAS, mantido pelos três países, anunciou a doação de US$ 1 milhão para a construção de um complexo esportivo em Ramallah, na Cisjordânia.