Mesmo diante da desaceleração da economia, analistas acreditam que o Comitê de Política Monetária elevará em até 0,75 ponto percentual a taxa básica de juros, a ser anunciada amanhã. O fantasma da inflação ainda assusta.
Mesmo com os sinais de desaceleração da economia e controle da inflação, economistas esperam que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central eleve em 0,75 ponto percentual a taxa básica de juros na reunião de terça e quarta-feira. A Selic está em 10,25% ao ano desde o último encontro, em junho, quando sofreu aumento de 0,75 ponto percentual. O objetivo é garantir que a inflação de 2010 e 2011 fique mais perto do centro da meta, de 4,5%, que tem tolerância de dois pontos para mais ou para menos.
De acordo com o ex-diretor de Política Monetária do BC, Carlos Thadeu de Freitas, a Selic deve fechar o ano em 11%. Para ele, o aumento desta semana é importante para conter os preços impulsionados pelo forte crescimento da economia, com aumento do emprego, da renda e consequentemente da demanda interna.
A taxa não ter outras alterações até o fim do ano, já que o mercado sinalizou desaceleração do crescimento avalia Freitas.
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do BC de maio ficou estável em relação ao mês anterior e interrompeu a série de 16 meses de alta.
Professor do Ibmec-RJ, Ruy Quintans destaca que os últimos indicadores não garantem que a economia está estabilizada. Ele lembra que no segundo semestre os preços sofrem uma pressão maior em virtude do aumento dos gastos do governo, com o décimo terceiro salário e componentes de fim de ano.
Já professor da UFF Marco Aurélio Cabral acredita que a Selic deve ser mantida em 10,25%. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de junho foi zero e mostrou que a inflação está contida. A elevação da Selic seria uma conspiração contra o crescimento. Ele disse que juros altos facilitam a entrada de importados e prejudicam o mercado interno.