Nos últimos dias, medidas vêm sendo tomadas para tornar menos dramático o avanço da Covid-19. Todas importantíssimas, mas ainda tímidas e um tanto descoordenadas. No fim de semana, a incoerência entrou em campo nos campeonatos regionais. No Rio e em Porto Alegre, times jogaram com portões fechados. Mas a manutenção das partidas gerou uma série de críticas de técnicos e jogadores. De fato, não faz sentido poupar os torcedores e expor os atletas — o técnico Jorge Jesus, do Flamengo, aliás, testou positivo. Não foi a única atitude ilógica. Em São Paulo, clubes também atuaram com arquibancadas vazias na capital, mas, no interior, torcedores puderam assistir à disputa entre Inter de Limeira e Palmeiras. Ontem, clubes e federações decidiram paralisar por 15 dias os campeonatos carioca, paulista e gaúcho. Antes assim.
No Rio, o governador Wilson Witzel determinou a suspensão das aulas nas escolas públicas e privadas por 15 dias. Também foi decretado o cancelamento de eventos com multidões. Teatros, cinemas, casas de shows e pontos turísticos ficarão fechados por 15 dias. Witzel pediu ainda que academias e restaurantes restrinjam o funcionamento.
Em São Paulo, o governador João Doria suspendeu gradativamente as aulas na rede pública e cancelou eventos com mais de 500 pessoas.
Ainda que de forma vacilante, o poder público vem tomando medidas acertadas. Mas a população precisa fazer a sua parte. As imagens das praias do Rio lotadas no fim de semana são constrangedoras. Ontem a Defesa Civil usou megafones na orla da Zona Sul pedindo a colaboração dos banhistas.
Embora o presidente Jair Bolsonaro — que tem se esmerado em descumprir protocolos do Ministério da Saúde de seu governo — considere que medidas restritivas contribuem para o “histerismo”, elas estão no caminho certo. Em países que conseguiram frear a epidemia, como China, Coreia do Sul e Cingapura, o isolamento foi fundamental. É essencial baixar a curva dos casos para que as redes pública e privada possam dar conta do coronavírus. Não é só o Brasil que está adotando ações draconianas. Nova York suspendeu shows da Broadway e fechou bares. Não há outra solução para vencer essa batalha. Prejuízos são inevitáveis. Mas o momento é de preservar vidas.