O Tribunal Geral da União Europeia validou, nesta quarta-feira (12), as isenções fiscais obtidas pela Amazon em Luxemburgo e anulou uma ordem da Comissão Europeia para que este país recuperasse 250 milhões de euros (cerca de US$ 295 milhões) em impostos atrasados.
A Comissão Europeia acusava Luxemburgo de ter concedido privilégios fiscais ao gigante do comércio eletrônico, que seriam equivalentes a um incentivo estatal indevido.
Segundo comunicado divulgado, o tribunal não identificou, porém, qualquer \”vantagem\” especial concedida à empresa.
Esta sentença surge menos de um ano depois de outro gigante, a Apple, obter uma vitória em um recurso no mesmo tribunal contra uma ordem da Comissão Europeia que determinava o pagamento de 13 bilhões de euros (US$ 15,7 bilhões).
Em nota oficial, a comissária europeia para a Concorrência, Margrethe Vestager, apontou que a concessão de vantagens fiscais às empresas multinacionais \”prejudica a concorrência justa na UE\”.
Estas concessões também \”privam os cofres públicos e os cidadãos europeus de fundos para os investimentos necessários à recuperação da crise do coronavírus\”, acrescentou.
Vestager ressaltou ainda que \”todas as empresas devem pagar uma parte justa dos impostos\”.
Em relação ao gigante do comércio eletrônico, a comissária observou que \”três quartos dos lucros de todas as vendas da Amazon na UE não foram tributados até 2014. Vamos analisar a posição do Tribunal Geral e refletir sobre as próximas etapas\”.
A Comissão Europeia, frisou ela, \”utiliza todos os instrumentos ao seu dispor para combater as práticas fiscais desleais\”.
Em uma nota, o escritório regional da Amazon saudou a decisão do Tribunal por considerar \”que está em linha com nossa posição de longa data de que cumprimos todas as leis aplicáveis e que a Amazon não recebeu tratamento especial\”.
\”Estamos satisfeitos que o Tribunal tenha deixado isso claro e possamos continuar nos concentrando em atender nossos clientes em toda Europa\”, completa o texto.
O Luxemburgo também acolheu favoravelmente este acórdão, \”que confirma que o tratamento fiscal (…) em questão (…) não constitui um auxílio estatal\”.
Após este resultado, a especialista europeia em questões tributárias Chiara Putaturo, da organização humanitária Oxfam, destacou em um comunicado que a decisão destaca a urgência de se realizar reformas tributárias.
\”Os lucros da Amazon dispararam com a pandemia\”, com bilhões de euros em transações apenas na Europa, afirmou.
\”E, ainda assim, suas declarações de impostos em Luxemburgo mostram que não pagou impostos\”, apontou.