JUSTIÇA DE SÃO PAULO DETERMINA QUE O MUNICIPIO AUTORIZE A EXPEDIÇÃO DE NOTAS FISCAIS ELETRÔNICAS.
9 de fevereiro de 2024Por que Rússia deve crescer mais do que todos os países desenvolvidos, apesar de guerra e sanções, segundo o FMI
18 de abril de 2024Os países emergentes correm o risco de cair na mesma armadilha dos
desenvolvidos, alerta o Banco para Compensações Internacionais (BIS, na
sigla em inglês), em seu 81º Relatório Anual, divulgado ontem. Segundo a
entidade, nações que experimentam aumentos elevados nos preços dos
imóveis e no consumo podem acabar construindo os desequilíbrios que hoje
contaminam as economias avançadas. Os emergentes escaparam do pior na
última crise. “Se eles puderem prestar atenção naquela que foi talvez a
lição mais importante, de que a prevenção é melhor do que a cura, podem
evitar sofrer sua própria versão da crise”, diz o BIS.
A entidade
faz uma comparação direta entre os principais países em desenvolvimento
e a periferia da Europa, que hoje enfrenta forte turbulência
relacionada à elevação do endividamento público, após a explosão da
bolha. “Muitos emergentes estão experimentando crescimento rápido,
disparada no mercado imobiliário e aceleração no endividamento do setor
privado”, compara o BIS, referindo-se à situação também vivida nos
países avançados antes da crise financeira global de 2008. O crescimento
do crédito registrado por Brasil, China e Índia, de mais de 20% ao ano
em média entre 2006 e 2010, se iguala ou supera os índices registrados
na Irlanda e Espanha entre 2002 e 2006.
A dívida pública em
relação ao PIB também é maior nos emergentes do que era nos
desenvolvidos. Os índices de Brasil (66,1%) e Índia (72,2%) em 2010
superavam os da Irlanda (24,8%), Espanha (39,6%), Reino Unido (43,1%) e
Estados Unidos (61,1%) em 2006. Só a China tem relação melhor, de 17,7%.
Em contrapartida, o índice de crédito em relação ao PIB é maior na
potência asiática, de 132%, bem acima do Brasil (53,4%) e da Índia
(53,5%). Nesse caso, os desenvolvidos ficaram muito além dos emergentes
nos anos de boom. Em 2006, o crédito representava 181,4% do PIB da
Irlanda, 167,2% da Espanha, 170,8% do Reino Unido e 58,9% dos Estados
Unidos.
“Em alguns casos, os preços dos imóveis estão subindo a
taxas que lembram as praticadas em algumas economias avançadas durante o
boom imobiliário pré-crise e o nível de dívida do setor privado está
disparando”, alerta o BIS. A entidade reconhece que os indicadores
emergentes partem de níveis baixos, mas lembra que isso também aconteceu
em algumas economias avançadas, como Irlanda e Espanha, no começo dos
anos 2000.
O BIS também fez um alerta com relação ao déficit
orçamentário em diversos países e disse que as autoridades fiscais
precisam agir rápida e decisivamente antes que outro “desastre”
aconteça. “A turbulência em relação às crises fiscais na Grécia, Irlanda
e Portugal se apagaria perto da devastação que poderia vir com a perda
de confiança do investidor na dívida soberana de uma economia maior.”
Para a entidade, os déficits fiscais foram apropriados para combater a
crise financeira global, pois as políticas expansionistas ajudaram a
impedir consequências mais graves. Entretanto, no período de
recuperação, a manutenção de déficits elevados está se tornando “mais e
mais perigosa”. “O sentimento do mercado pode mudar rapidamente,
forçando governos a tomarem medidas ainda mais drásticas do que seria
necessário no início”, diz o relatório. “A consolidação fiscal não vai
acontecer da noite para o dia, mas tem de começar agora.”
Para
serem críveis, recomenda o BIS, as medidas precisam resolver as
fraquezas fundamentais da estrutura fiscal. Alguns países enfrentam as
obrigações do envelhecimento populacional e o desequilíbrio na fonte de
receitas. Muitas das mudanças necessárias levarão tempo para gerar
déficits menores, daí a necessidade de ação imediata.