A quantidade de gaúchos com contas a pagar subiu 17% em maio, atingindo 80% das famílias. A conclusão é da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das famílias gaúchas (PEIF-RS), calculada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) e divulgada ontem pela Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS).
Apesar do aumento no índice, o resultado não chega a preocupar o setor empresarial. De acordo com o presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, Zildo De Marchi, trata-se de um reflexo das compras para o Dia das Mães, celebrado em 8 de maio, aliado aos efeitos das políticas monetárias que vêm sendo praticadas pelo governo desde o ano passado. “O aumento dos juros, da taxa Selic e do IOF para operações de pessoas físicas demora um pouco para ser sentido, por isso até então não percebíamos mudança no endividamento”, afirma De Marchi.
A quantidade de famílias com contas em atraso também cresceu. Segundo o levantamento, elas somaram 51% em maio, enquanto em abril estavam em 37%. Para De Marchi, o cenário já era esperado. Apesar do quadro, o índice de pessoas que afirmam não ter condições de pagar suas dívidas caiu de 7% em abril para 5% este mês.
A maioria dos consumidores ouvidos (39,7%) se considera mais ou menos endividada, enquanto 16,7% se dizem muito endividados. O maior responsável pelos débitos continua sendo o cartão de crédito (66,7%), seguido pelos carnês (45,4%) e pelo cheque especial (30,2%).
Devolução de cheques sem fundo apresenta recuo em abril
Dos cerca de 80,3 milhões de cheques compensados no País em abril, 1,6 milhão (2% do total) foi devolvido por falta de fundos, segundo pesquisa divulgada ontem pela Serasa Experian, empresa especializada em análise de crédito. O resultado representa uma queda em relação a março, quando 2,13% foram devolvidos, e um aumento ante abril do ano passado, quando a porcentagem de devolução foi de 1,86%. No período de janeiro a abril deste ano, foi devolvido 1,92% do total de cheques compensados no País – índice praticamente igual ao 1,91% registrado no mesmo período do ano passado.
A avaliação da Serasa Experian leva em conta a quantidade de cheques compensados – isto é, o total de cheques encaminhados para a câmara de compensação interbancária do Banco do Brasil (BB). Na compensação, o cheque pode ser pago ou devolvido. A pesquisa registra como “devolução” o cheque que voltou por duas vezes por falta de fundos. Isso, para a entidade, caracteriza a inadimplência.
Segundo os economistas da Serasa Experian, a queda na porcentagem de cheques sem fundos em abril ante março decorre do fim do período do ano em que se concentram vários pagamentos, como parcelas de Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), despesas escolares e parcelamentos de compras de Natal e férias. Este período é classificado pela instituição como “crítico” para o orçamento familiar. Já a perspectiva para maio é de que a inadimplência com cheques volte a subir, em decorrência do Dia das Mães.
A Serasa Experian acrescenta que, na comparação entre os primeiros quatro meses de 2010 e de 2011, a manutenção do índice no mesmo patamar indica que a qualidade dos cheques como meio de pagamento “não está comprometida”.
Os estados com menores índices de cheques devolvidos nos primeiros quatro meses de 2011 foram São Paulo (1,46%), Rio de Janeiro (1,58%) e Paraná (1,62%), todos com índice abaixo da média nacional (1,92%). Os piores índices foram registrados em Roraima (11,15%), Maranhão (9,55%) e Acre (7,57%), bem acima da média do Brasil. No mesmo período, a menor porcentagem de cheques sem fundos foi registrada na região Sudeste (1,57%). Em seguida aparecem as regiões Sul (1,78%), Centro-Oeste (2,49%), Nordeste (3,33%) e Norte (4,11%).