A crise afetou o mercado de seguros apenas “indiretamente”. Não há empresas com problemas de solvência e a influência maior foi nas vendas menores, por conta da desaceleração da economia. Essa será a mensagem que Armando Vergílio dos Santos Júnior, o presidente da Superintendência de Seguros Privados (Susep) passa hoje, às 15h, aos deputados em Brasília.
O mercado de seguros movimentou R$ 16,8 bilhões e cresceu 7% no primeiro trimestre. Incluindo os segmentos de previdência e títulos de capitalização, o volume de vendas bateu em R$ 21 bilhões, expansão de 4%, segundo dados consolidados pela Siscorp Serviços e Informática a partir dos números mais recentes da Susep. O lucro das seguradoras cresceu 28% no trimestre, para R$ 2,4 bilhões, sem considerar a área de saúde, com números ainda não divulgados.
Vergílio foi chamado a Brasília para apresentar um panorama do setor em uma comissão especial criada pela Câmara para discutir os impactos da crise na economia. Segundo ele, como a Susep proíbe que os recursos garantidores das reservas do setor sejam aplicados em papéis no exterior, as seguradoras não foram afetadas pela crise, que quebrou a AIG, a maior do mundo. Esses ativos, em quase sua totalidade (98%), estão aplicados em renda fixa. “Nos Estados Unidos, o impacto da crise foi direto.”
O titular da Susep também cita as regras de solvência, de 2008, que exigiram reforço de capital. Segundo ele, 85% das seguradoras já estão adaptadas e o restante pediu um prazo para os ajustes. A Susep deu prazo de quatro anos, como previsto nas regras.
Vergílio diz que até o final do ano saem as regras que vão exigir ampliação das exigências de capital nas seguradoras segundo os riscos de mercado e de crédito.
Para 2009, a previsão da Susep é de uma expansão do setor de 5% a 8%, menor que a do ano passado (15%), mas acima do desempenho da economia (o boletim Focus, de ontem, apontava previsão de queda de 0,44%). Segundo Vergílio, os dados de março já mostram um aquecimento do segmento – crescimento de 13,5%.
As apólices de automóveis, que a Susep imaginou que seriam as mais afetadas, acabaram não sendo, por causa da redução de impostos pelo governo. No trimestre, a expansão foi de 11%. O segmento de infraestrutura também continua demandando seguros.