Eles viajarão de lugares próximos e distantes – da Califórnia a Nova York -, mas todos os titãs do mundo das finanças que convergirão para Washington esta semana, para prestarem esclarecimentos ao Congresso americano, deixarão seus jatinhos particulares estacionados em seus hangares.
Criticados por terem estilos de vida luxuosos enquanto suas instituições eram mantidas \”respirando\” por bilhões de dólares em dinheiro do contribuinte americano, os homens anteriormente conhecidos como \”Masters of the Universe\”, pela primeira vez estão tendo que se voltar para a infraestrutura de transporte deteriorada dos Estados Unidos.
Todos os grandes financistas que vão depor perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes na quarta-feira irão para a capital americana de trem ou vôos comerciais, segundo descobriu o \”Financial Times\”.
Viajantes cansados que estiverem tentando embarcar no aeroporto de La Guardia, em Nova York, na noite de hoje e manhã desta quarta-feira, não devem ficar surpresos se derem de cara com Lloyd Blankfein, do Goldman Sachs, ou John Mack, do Morgan Stanley.
Vikram Pandit, presidente-executivo do Citigroup, também estará em um dos aviões que fazem a rota Nova York-Washington. Depois de ser castigado pelo Tesouro dos Estados Unidos por querer receber um avião de US$ 50 milhões que havia encomendado – uma decisão que acabou sendo revertida -, o Citigroup não está em condições de antagonizar com seus benfeitores no governo.
Quanto a Jamie Dimon, pessoas ligadas ao presidente do JP Morgan Chase não revelaram que meio de transporte ele vai usar, limitando-se a dizer que será público.
Os assessores dos bancos afirmam que as viagens comerciais são sempre a escolha preferida para os executivos que trabalham em Nova York, por causa da frequência dos voos entre a maior cidade dos Estados Unidos e sua capital.
Mas até mesmo John Stumpf, que comanda o Wells Fargo de San Francisco, terá de permanecer na fila antes de embarcar em sua viagem de costa a costa.
Ken Lewis, presidente-executivo do Bank of America, que está tentando vender três jatos corporativos e um helicóptero adquiridos com o takeover do Merrill Lynch, vai atravessar 640 quilômetros entre Charlote, na Carolina do Norte, e Washington de trem.
A decisão dos \”tubarões\” dos bancos de apertarem o cinto, ou pelo menos apertarem seus cintos de segurança, ocorre depois que o presidente Barack Obama classificou de \”vergonhosa\” a decisão dos bancos de pagarem US$ 18 bilhões em bonificações, em meio à pior crise financeira em gerações.
Com os acionistas, funcionários e consumidores sofrendo – e os políticos ainda furiosos com os executivos das grandes montadores americanas que usaram seus jatinhos particulares para irem a Washington pedir dinheiro ao governo -, Wall Street teve o bom senso de perceber que, pelo menos por enquanto, o barato é mais divertido.