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Ano : 2009 Autor : Dra. Silvana Peruzzato

Como liderar na crise

A crise pode ser observada sob dois aspectos, o negativo e o positivo. Neste, descobrimos habilidades/talentos, pró-atividade e nos deparamos com desafios que exigem comprometimento e visão. Nos momentos de crise – crescimento negativo, é que reconhecemos os profissionais que crescem, que desenvolvem a sua capacidade analítica e a competência nata – aflora de maneira combativa e eficaz. Agora, não somente no foco dos grandes resultados positivos, mas, na subsistência.

Foi em meio a devastação da guerra, onde tudo indicava para o “impossível”, que nasceu uma das maiores empresas mundiais – a Ford. São nesses momentos, que os potenciais dos líderes são testados e certamente valorizados e eternizados. O profissional que tem o real espírito de liderança constrói legados. Ou ele é mediano ou excelente, na crise, só estes sobrevivem.

O mercado mundial hoje, exige atitudes e posicionamentos rápidos, eficientes e eficazes, não necessitamos somente de resultados financeiros, mas também, de resultados intelectuais. É muito fácil, administrarmos empresas – potências milionárias em épocas de calmaria; difícil e gerenciarmos as dificuldades e incertezas em momentos de crise – principalmente mundial. É onde entra a capacidade do líder, de manter-se em destaque (positivo) no mercado. É fácil chegarmos ao topo em momentos de fartura e sucesso, mas ali permanecermos em momentos de crise, que é o diferencial. Para tanto, hoje, os profissionais necessitam ser multidisciplinares, ter conhecimento em várias áreas e dominarem todas as etapas do “processo” dentro da empresa – administrativo, financeiro, jurídico, gerencial, operacional etc... Além de estarem sempre atualizados, imersos na real situação do país e mundial – muita leitura e estudo.

Segundo reportagem da Revista Época, datada de 11 de fevereiro de 2009, que entrevistou 170 Presidentes de Companhias Brasileiras  – “Como Eles Enfrentam A Crise”, observamos que saiu de cena o estrategista, o homem das grandes tacadas. No lugar dele, a crise fez surgir o administrador tático, que olha o presente com atenção às minúcias. A maioria deles – 81% - alterou a sua rotina nos últimos meses, principalmente aumentando o número de reuniões internas para acompanhar mais de perto o dia-a-dia da operação. Para esses executivos e empresários, informação e controle passaram a ser mais essenciais do que nunca. Ajustes também foram necessários. A crise trouxe aos escritórios um senso de urgência que há muito parecia ter desaparecido.

Conforme Ram Charan – Guru Indiano, em seu recém lançado livro “Leadership in the Era of Economic Uncertainty” (Liderança em tempos de incerteza econômica) – “Hoje não é suficiente sentar no escritório e ler relatórios. É preciso um entendimento detalhado do que está acontecendo fora da empresa, com os clientes e nas próprias operações”.

O momento é de prudência, olho no caixa, corte de custos, muita comunicação interna, postura conservadora, atenção às oportunidades, aposta no futuro e mão na massa! Um dos maiores desafios de executivos durante uma crise é evitar que a incerteza contamine os funcionários e se transforme em desespero. Nessas situações é preciso criar o Senso de Urgência. É necessário buscar o equilíbrio.

A tempestade irá passar, e será preciso estarmos preparados para crescer quando a bonança chegar!

Sabe-se também que, assim como nos bons tempos de prosperidade, a crise ajuda a definir quem são os líderes que poderão um dia fazer parte da história dos negócios.

Para o ministro Mantega, em reportagem em 14 de fevereiro de 2009, em jornal de grande circulação nacional, o momento exige ousadia. Segundo ele, o país irá crescer neste ano, desde que o governo e empresários mantenham atitudes ousadas. Mantega afirmou que a economia brasileira voltará a acelerar a partir do segundo semestre. O ministro evitou fazer uma previsão de quanto o PIB Nacional irá se expandir neste ano, até porque o mercado fica mais volátil por conta da crise, mas disse que o governo persegue a meta de crescimento de 4%. Ele ressaltou que o tamanho do crescimento depende da atitude de empresas e trabalhadores perante a crise. Ressaltou ainda, que este é um momento de ousadia e que quem fizer investimentos será recompensado. Aposta que não teremos crescimento negativo em 2009. A recuperação da economia irá depender da rapidez com que o governo dos Estados Unidos conseguirá debelar os problemas com os chamados ativos tóxicos detidos por grandes bancos. Nessa linha, Henrique Meirelles – Presidente do Banco Central, informa que já fez injeção líquida de 27,4 bilhões de dólares no mercado cambial para aumentar a liquidez na moeda americana no mercado brasileiro. Meirelles reconheceu a gravidade com que a crise internacional afeta o país, mas pediu “serenidade” na análise da situação.

Encerro com a citação de Jim Collins, coautor do clássico Feitas para Durar:

“As pessoas certas não precisam ser gerenciadas. Se você precisa gerenciar muito perto alguém, errou na contratação.”

Concluo com o meu posicionamento:

Só sobrevive na crise, ou fora dela, quem realmente ama o que faz, e faz muito bem feito o que ama.


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