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28 de novembro de 2017A cada 10 trabalhadores do Rio Grande do Sul, nove estão desempregados, segundo aponta a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) realizada em Porto Alegre. De acordo com o estudo, a falta de trabalho afeta atualmente 512 mil pessoas no estado, e quem está fora do mercado leva até nove meses para retornar.
Segundo o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) José Souza Nosvitz, as crises econômica e política do Brasil são as principais causas deste problema. Há também a questão da falta de qualificação. Todos estes fatores contribuem para o aumento da informalidade.
A coordenadora de relações com o mercado da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS), Ana Rosa Fischer, ressalta que existem oportunidades. Só na agência do Sine de Porto Alegre, são oferecidas cerca de 3 mil vagas de trabalho diariamente.
\”A grande maioria das vagas que a gente tem à disposição não exige experiência, não exige escolaridade acima do nível fundamental e são vagas na área de serviços, como portaria, faxina, vigilância\”.
Um dos motivos para o desemprego contínuo, conforme Ana, é que em um mercado competitivo, até as vagas com menos exigências são ocupadas por pessoas melhor preparadas e, por isso, outras acabam ficando de fora.
Em contraponto, a última PED realizada no Rio Grande do Sul mostra que o setor de serviços fechou mais vagas do que abriu. Foram 7 mil postos a menos. Por outro lado, setores como a indústria e o comércio cresceram em oportunidades no estado. Em agosto deste ano, a indústria abriu seis mil novas vagas, seguida do comércio com 4 mil e outras 3 mil que vieram ainda da área da construção.
Nosvitz acredita que o cenário do desemprego no país está melhorando, mas ainda devagar. Para ele, o grande problema da retomada do mercado de trabalho é a insegurança política, principalmente com a aproximação das eleições presidenciais de 2018.
\”O empresariado nesses últimos anos no Brasil levou um banho de água fria, porque fez investimentos pesados em alguns setores porque a economia estava crescendo e, de repente, do dia pra noite, isso desapareceu. Então agora é um momento de muito cuidado, de recuperação\”.
A falta de estudo, em especial a conclusão do ensino médio, fecha muitas portas quando se trata de emprego, em um mercado cada vez mais competitivo. Desempregado desde o Natal de 2016, José Lucas Nunes, de 21 anos, queixa-se da dificuldade para conseguir uma vaga por falta da escolaridade.
\”Não estou conseguindo porque não tenho o ensino médio completo. Se os empregadores veem que não estudo, não pegam\”, diz ele.
Situação semelhante passa o auxiliar de gesseiro desempregado desde o ano passado Everton de Castro Morales, de 24 anos. Sem primeiro grau completo, ele pretende fazer o Núcleo de Educação de Jovens e Adultos (Neja) para concluir a escola. A professora de gestão de Recursos Humanos da Unilasalle Denise Ziliotto aprova a ideia de Morales.
\”Buscar ajuda, se atualizar e mostrar ao empregador que tem um movimento em prol de uma melhoria profissional, isso sim é de alguma maneira um diferenciador\”.
Apesar da pouca idade, a assistente administrativo-financeira Nicole Horta, de 21 anos, já tem várias experiências no currículo, incluindo um intercâmbio. Para ela, que está fazendo curso pré-vestibular e começou a trabalhar ainda no ensino médio, é importante para quem está começando focar na experiência, no que a oportunidade pode ensinar, mais do que o salário.
Entretanto, para que mais pessoas tenham chances como a de Nicole, o economista diz que o estado precisa fazer mais. \”O Rio Grande do Sul não consegue suprir isso e lá na frente as repercussões são imensas, com baixa qualificação de pessoas de baixa renda e que, em algum momento, vão cair para a marginalidade ou vão conseguir subempregos, isso é muito ruim. A verdadeira distribuição de renda vai se dar através da educação. Não adianta dar o peixe se não ensinar a pescar\”.
Além do conhecimento e entendimento do mundo em que vivemos, qualidades adquiridas muitas vezes com a retomada dos estudos, conforme Denise, apresentar um bom currículo para os empregadores também é um diferencial.
Veja dicas para ajudar na hora da entrevista:
A forma de se vestir não é mais tão rigorosa, mas prefira roupas discretas e que combinem com a empresa onde você pretende trabalhar.
Chegue de 15 a 20 minutos antes da entrevista. Confira o endereço, conheça o trajeto e diminua os contratempos com o trânsito.
O currículo não deve ser muito grande. O ideal são duas folhas no máximo, com informações objetivas, contatos, escolaridade, cursos e empregos anteriores.
Durante a conversa, existe o momento de ouvir e falar. Aproveite para tirar dúvidas sobre a função pretendida, a empresa, salário e benefícios.
Lembre-se: as redes sociais dizem muito sobre você e que, provavelmente, seus futuros chefes vão ler suas postagens.
