O Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve, Fed) organiza hoje e amanhã reuniões de política monetária nas quais a questão da taxa básica de juros deve ser ofuscada por discussões sobre medidas \”não convencionais\” suscetíveis de combater a crise econômica que assola o país.
Este primeiro encontro do Comitê de política monetária do Fed (Fomc) sob o mandato do presidente Barack Obama também será o primeiro desde que o Banco Central americano decidiu, em meados de dezembro, baixar para quase zero sua taxa básica de juros.
Na reunião de 16 de dezembro, o Fomc alegara que \”a debilidade das condições econômicas justifica a manutenção por algum tempo da taxa básica em níveis excepcionalmente baixos\”.
Como a economia americana continuou se deteriorando desde então, o Fomc deve agora se focalizar nos meios de relançar a economia através de uma política de \”flexibilização monetária quantitativa\”.
Em virtude desta política, o Fed multiplica as quantias oferecidas aos bancos em seus leilões de refinanciamento e tenta reerguer os mercados financeiros comprando, por exemplo, bilhetes de tesouraria (para permitir às empresas continuarem a se financiar) ou títulos indexados a créditos imobiliários (para abaixar o custo dos empréstimos hipotecários).
Esta estratégia já multiplicou por dois o tamanho do balanço do Fed e aumentou bastante a massa monetária (+9,9% em um ano).
O presidente do Fed, Ben Bernanke, afirmou há duas semanas em Londres que o Banco Central ainda possuía \”potentes ferramentas para combater a crise financeira e a desaceleração econômica\”, e que pretendia utilizá-las.
Para Fabietto Fois, economista do Barclays Capital, o comunicado final da reunião, aguardado para amanhã às 14h15 (17h15 de Brasília), deve \”apresentar com mais detalhes\” as diferentes medidas aplicadas pelo Fed, ressaltando tanto os pontos de preocupação remanescentes como os progressos obtidos.
\”O debate será sobre a utilização das ferramentas não-convencionais, e provavelmente sobre a possibilidade de definir uma meta de inflação. Além disso, alguns membros devem defender novamente a idéia de fixar um limite\” máximo à extensão do balanço do Fed, antecipou Elsa Dargent, economista do Natixis.