O governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), do presidente Nicolás Maduro, obteve a maior quantidade de votos nas eleições municipais de domingo, com 49,24% do votos. A oposição, de Henrique Capriles, obteve 40,96% das preferências, informou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), com 97,52% dos votos apurados. Mas o bloco opositor Mesa da Unidade Democrática (MUD) se manteve no poder em Caracas e saiu vitorioso nos principais municípios do país: a capital do estado natal do ex-presidente morto Hugo Chávez, Barinas, que estava nas mãos do governo, Maracaibo, Valencia, Iribarren, San Cristóval, Monagos, Mariño, Arismendi e Mérida.
Apuradas 97,5% das mesas de votação com resultados irreversíveis em 18 dos 23 estados, os aliados de Maduro ganharam 196 municípios em disputa, enquanto que os candidatos da oposição venceram em ao menos 53. A aliança governante obteve pelos menos 5,1 milhões de votos, enquanto o bloco da oposição conquistou 4,4 milhões.
A presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena, classificou o processo de bem sucedido ao relatar uma participação de 58,92%. Nas eleições regionais a abstenção tem sido em torno de 50%.
O cargo de Maduro não estava em jogo, mas sua liderança, sim. Foi seu primeiro desafio como representante governista depois da vitória contestada por menos de dois pontos percentuais contra o rival, Capriles. E o presidente colocou o aparato estatal a todo vapor para dissipar dúvidas sobre a resistência do chavismo sem seu símbolo.
Nas últimas semanas, intensificou o controle de preços, vigente há uma década, e decretou a redução dos valores de alguns bens, para combater a inflação crescente e o desabastecimento crítico de produtos. A mais recente cartada foi o dia de lealdade a Chávez que, além da data das eleições, coincidiu com o dia em que Chávez se despedia do país, há um ano, para mais uma – a última – tentativa de tratamento em Cuba do câncer que padecia.
Do outro lado, a oposição concentrou seu chamado nos estudantes: “Que vivam os estudantes, vocês são a força da mudança. Hoje é dia dos valentes que vencerão os abusos”, escreveu Capriles no Twitter. Como fez nas eleições de abril, a oposição denunciou irregularidades no pleito.
– Tenho visto na mídia pública atos de campanha eleitoral aberta – reclamou o secretário-executivo do bloco opositor Mesa da Unidade Democrática (MUD), Ramón Guillermo Aveledo.
As acusações foram minimizadas pela presidente do CNE, que afirmou que a cobertura “foi dinâmica e correta”. Já nas ruas polarizadas do país, os eleitores coincidiram no uso da palavra “mudança”, fosse para tentar provar a resistência do chavismo ou aumentar o poder da oposição.