Tim Geithner, o secretário do Tesouro dos EUA, pediu a adoção de uma nova regulamentação financeira com controle governamental mais firme sobre instituições e mercados que possam representar riscos sistêmicos à economia mais ampla. Em depoimento ao Congresso pela manhã, Geithner disse: “Os reguladores devem aplicar normas, não apenas para proteger a solidez de instituições individuais, mas para proteger a estabilidade do sistema como um todo”.
Essas reformas incluiriam medidas para impor restrições “apropriadas” a tomadas de risco, disse Geithner, em aparição conjunta com Ben Bernanke, o presidente do Federal Reserve.
Dentre os poderes expandidos que ele solicitará estará a “autoridade de resolução”, para ajudar a tirar de apuros instituições duramente atingidas como a AIG, cujo colapso causaria um choque no sistema financeiro.
“Este é um momento extraordinário e o governo tem sido obrigado a tomar providências extraordinárias”, disse Geithner. “Faremos o que for necessário para estabilizar o sistema financeiro e, com a ajuda do Congresso, desenvolveremos as ferramentas de que precisamos para tornar a nossa economia mais resistente e o nosso sistema, mais justo”.
O apelo por maiores poderes ocorre um dia depois da tentativa de Geithner de conquistar algum controle no debate em torno das formas de reparar a economia dos EUA, que passou a ser dominada por um furor em torno das gratificações concedidas na AIG.
Os mercados reagiram de forma positiva, na segunda-feira, às suas propostas de parceria público-privada para lidar com os ativos tóxicos no sistema financeiro. No fim do dia, na segunda-feira, o Tesouro emitiu um inesperado comunicado conjunto com o Federal Reserve, estabelecendo as suas mútuas atribuições e responsabilidades no tratamento da crise. Como parte deste acordo, o Tesouro concordou em assumir a exposição do Fed à AIG e ao Bear Stearns no longo prazo.
Bernanke veiculou ontem o seu próprio apelo por reforma regulatória, sustentando que normas de resolução distintas teriam permitido um encaminhamento ordenado da situação da AIG, que teria sido preferível à situação atual. “Na melhor das hipóteses, as conseqüências do colapso da AIG teriam sido uma intensificação significativa de uma crise financeira já aguda e um agravamento adicional das condições econômicas globais”, disse Bernanke.
“Seu colapso possivelmente teria resultado em um derretimento global financeiro e econômico no estilo dos anos de 1930, com implicações desastrosas para a produção, renda e empregos”.
Com respeito à quantia controversa de US$ 165 milhões em gratificações, recebida pelos empregados da AIG, Bernanke disse ser “extremamente inadequado” que pessoas da unidade da seguradora que foi a principal causa do seu colapso tenham sido recompensadas. Ele disse que pediu a suspensão dos e recomendou mover uma ação para impedir sua concessão.
Repercutindo as observações de Geithner, o presidente do Fed disse que uma supervisão mais rigorosa teria identificado e impedido a “excessiva tomada de risco” na AIG e que poderá reduzir a probabilidade de ocorrência de situações como esta no futuro.