Diretor do Banco Central diz que havia risco de distorção exagerada no preço de ativos
O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central (BC), Luiz Pereira, afirmou ontem que a adoção de medidas macroprudenciais pelo governo foi necessária para evitar o risco do surgimento de bolhas e distorções nos preços de ativos.
Ao participar do seminário “Cenários da Economia Brasileira e Mundial em 2011”, promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Pereira destacou que, apesar da política do BC de acúmulo de reservas internacionais, uma parte do fluxo de recursos para o Brasil permanecia no mercado.
– Esta parcela vinha ampliando-se nos últimos meses numa expansão não tão saudável do mercado de crédito, correndo o risco de propiciar o surgimento de bolhas e distorções exageradas no preço de ativos, inclusive na taxa de câmbio. Pereira também se mostrou preocupado com a inflação do setor de serviços. Para ele, os desvios em relação à média da inflação têm crescido:
– Cabe aos instrumentos convencionais de política monetária garantir que as pressões inflacionárias de curto prazo não se propaguem para o horizonte de mais longo prazo.
A pressão inflacionária também foi motivo de alerta do coordenador do Índice Geral de Preços (IGP) da FGV, Salomão Quadros. Ele acredita que será uma tarefa difícil manter a inflação na meta do BC em 2011. O desafio, diz, é trazer a inflação para o centro da meta (4,5% ao ano) em menos de dois anos e com o menor custo possível.
Quadros destacou que a inflação dos alimentos não tem sido temporária e deve chegar este ano a algo entre 6% e 9%. Em 2010, foi de 10,39%. A estimativa dele é que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique entre 5,3% e 5,9% em 2011.