O preço de US$ 10 por tonelada de dióxido de carbono, um dos gases que provocam o aquecimento do planeta, poderia ser incentivo suficiente para conter as emissões de gases-estufa resultantes de muitos usos do solo no Brasil e na Indonésia, afirmou ontem um importante grupo ambientalista.
A exploração de madeira ou a derrubada das florestas, que absorvem CO2, para o plantio de palmeiras e soja ou para a criação de gado estão entre as principais causas do desmatamento. Um esquema apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU) chamado redução de emissões por desmatamento e degradação (REDD) tem como objetivo colocar um preço no carbono que as florestas tropicais absorvem e prendem, e nas emissões de CO2 liberadas se as árvores forem cortadas.
Os esquemas REDD poderiam ser um mecanismo com uma boa relação custo-benefício para cortar as emissões provenientes do desmatamento causado por muitas utilizações do solo com custos estimados para os investidores entre US$ 2 e US$ 10 por tonelada de CO2, disse a União Internacional para a Conservação da Natureza. Os custos de oportunidade para a conservação florestal são definidos pela renda líquida por hectare por ano que é sacrificada por não explorar a madeira nem converter a terra para a agricultura, diz o relatório, financiado pela mineradora Rio Tinto. “Quase 75% do total das emissões de gás-estufa do Brasil vem do desmatamento na Amazônia e representa entre 8 e 14% das emissões globais provenientes da mudança do uso do solo”, afirma o relatório, que se concentra nos custos reais para os investidores que querem colocar dinheiro nos projetos de redução de carbono REDD.
CONCORRÊNCIA. O documento diz que os custos de oportunidade para a criação de gado no Brasil variam de zero a US$ 2 por tonelada para operações de pequena escala e ressalta que cerca de 80% da terra recentemente desmatada foi usada para a pecuária. Para a produção de soja, os custos de oportunidade eram de US$ 2,5 a US$ 3,5 por tonelada. Pelo REDD, os países em desenvolvimento seriam premiados obtendo dinheiro a partir da venda de compensações de carbono provenientes de projetos que preservam as florestas.
bovespa. A BM&FBovespa e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciaram ontem, na 15ª Conferência das Partes da Convenção do Clima (COP-15), em Copenhague, o desenvolvimento do Índice Carbono Eficiente, com o intuito de estimular as companhias de capital aberto a reduzir suas emissões de gases causadores do efeito estufa. O indicador será ponderado pelo inventário de emissões de gases de efeito estufa, que reflete a contabilização da emissão de todas as fontes de atividades associadas a uma companhia.
O Índice Carbono Eficiente será estruturado em 2010, a partir do IBrX-50, indicador composto pelas 50 ações mais negociadas na BM&FBOVESPA, ponderadas na carteira pelo free float (quantidade de ações da empresa disponíveis para negociação no mercado). O peso de cada ação no novo índice terá como base a participação da empresa no IBrX-50 e também sua eficiência em emissões de gases de efeito estufa. Quanto menor a relação entre as emissões destes gases e a receita da empresa, maior será sua eficiência.
leilão. A BM&FBovespa também confirmou a realização do primeiro leilão de créditos de carbono fora do âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). No dia 22 de dezembro serão leiloadas 240 mil toneladas encaminhadas pela Carbono Social Serviços Ambientais, empresa especializada em desenvolver projetos de crédito de carbono para o Mercado Voluntário de Emissões (VERs), em parceria com a Voluntary Carbon Standard (VCS), organismo verificador de projetos voluntários com sede em Washington.
As reduções foram originadas a partir de biomassa, utilizada em 12 cerâmicas brasileiras. Os projetos reduzem as emissões pela substituição de combustível por biomassas renováveis como bagaço de cana, caroço de açaí, casca de arroz, entre outras. “Trazer projetos de carbono de pequena escala para o mercado é uma conquista muito importante e é uma inovação fundamental no mercado de carbono”, diz o diretor da Carbono Social, Stefano Merlin.