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18 de abril de 2024Na primeira entrevista desde que saiu da prisão, no último dia 8 de novembro, o ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (sem partido) disse ter sido vítima do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, a quem acusou de ser o responsável \”sem nenhuma prova\” por sua condenação na Justiça.
\”Fui injustiçado a partir do Janot, como todos viram aí, que tipo de pessoa ele é. Para aparecer, digamos assim, me pediu uma pena de 22 anos ( conforme a sentença, em 2ª instância, o ex-governador foi condenado a 20 anos e um mês). Um negócio absurdo, sem nenhuma prova, não assinei nada. Fui vítima de um estelionatário, de um falsário. Essas coisas assim, de um psicopata, como realmente é essa figura do procurador\”, afirmou Azeredo em entrevista à Rádio Itatiaia na manhã desta segunda-feira.
Azeredo admitiu, no entanto, que houve \”patrocínio eleitoral\”, por meio de empresas públicas, de sua campanha à reeleição, em 1994. A prática é vedada, contudo, pela legislação que disciplina as eleições no país. \”O próprio Zé Afonso ( José Afonso Bicalho), que era presidente o Bemge (banco estatal privatizado na gestão de Azeredo), reconheceu que não era da alçada do governador saber que patrocínio o banco está fazendo\”, argumentou.
Governador de Minas entre 1995 e 1998 – disputou a reeleição e perdeu para Itamar Franco (1999/2002) -, Azeredo foi denunciado pelo então procurador Rodrigo Janot, em 2007, pelo esquema conhecido como mensalão tucano, de desvios de dinheiro público. Azeredo era filiado ao PSDB e pediu neste ano a desfiliação.
Segundo os investigadores, por meio de estatais, foram desviados R$ 3,5 milhões ( a preços da época) para a campanha. O esquema foi considerado uma espécie de embrião do mensalão do PT, uma vez que o operador mineiro Marcos Valério teria participado dos dois esquemas.
Para Azeredo, a prisão dele, após ser condenado em 2ª instância, foi uma compensação à prisão de Lula, preso um mês antes, em abril de 2018.
Durante o período em que ficou preso, quase um ano e meio, em uma das sedes do Corpo de Bombeiros em Belo Horizonte, no Bairro Anchieta, na Região Centro-Sul, Azeredo disse que sua rotina se resumiu a 32 cursos de ensino a distância, exercícios físicos diários e idas à capela local da corporação. \”Fui muito bem tratado\”, disse, contando ainda que tinha permissão para assistir pela TV aos jogos do América-MG, clube do qual é torcedor.
Azeredo também disse que escreveu um livro na prisão, contando sua trajetória na política. Ele é ex-prefeito de Belo Horizonte, ex-senador e ex-deputado federal. O ex-tucano não adiantou quando será o lançamento, afirmando apenas que está em fase de \”juntar fotografias\” para ilustrar a publicação.
Azeredo também disse, durante a entrevista à Rádio Itatiaia, sentir pena do governador Romeu Zema (Novo). \”Tenho dó do Zema, coitado. está aí passando um aperto do cão\”, afirmou o ex-governador ao justificar por que não teve conhecimento do desvio de recursos públicos para, segundo ele, servir de \”patrocínio eleitoral\”.
\”Aí fiquei um pouco frustrado, porque disseram que não é crível (se referindo a ele próprio) não soubesse ( do patrocínio). Não é possível que alguém não entenda o tamanho de Minas Gerais, a dificuldade de governar\”, disse.
Perguntado se sentia medo de voltar à prisão, Azeredo disse que \”não penso nisso, não\”. A soltura do ex-governador foi concedida graça à decisão do Supremo Tribunal Federal e poderá ser revista, caso o Congresso determine por meio de votação de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) a prisão após condenação em segunda instância.
Hoje, a Constituição Federal determina a prisão – salvo flagrante delito e exceções previstas em lei-, quando do trânsito em julgado.